Por que será que encontramos tantas matérias que buscam dar uma definição sobre a verdadeira função do RH dentro de uma organização, tentando enquadra-la como estratégica, tática ou operacional?
Há muitas “ linhas de defesa” e inúmeras indagações na busca de respostas.
Entre os pesquisadores a polêmica também está estabelecida, assim como as diversas linhas de interpretação: há autores que definem que uma organização dá um salto qualitativo quando passa a ter um desempenho efetivamente estratégico. Será que pela lógica pode-se dizer então que um RH com foco no operacional é “menor em qualidade”?
Outros autores definem que a evolução da área acontece quando passa de um RH operacional ao estratégico. Será então que considerando a linha do tempo pode-se dizer que um RH Operacional é menos evoluído?
Em minha percepção e experiência, o RH Operacional de fato não tem o reconhecimento dentro das organizações e muitas vezes é percebido até de forma pejorativa (muita embora seja este RH o que garante a imagem da organização perante os órgãos públicos, sindicatos, clientes e colaboradores, quando conduz as questões trabalhistas em conformidade com a legislação e cumpre com qualidade e perfeição técnica suas atribuições)
Mas transitando da área de Recursos Humanos e resgatando a história da Administração, vale pensar um pouco sobre Planejamento, que é uma ferramenta administrativa que consiste em um conjunto de ações coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro, antecipando suas ações.
Vejam só de que forma ele pode ser classificado (segundo Maximiano (2005):
Planejamento estratégico – é elaborado no âmbito institucional envolvendo a organização como um todo e definindo seus rumos, no longo prazo. Cinco estágios envolvem este planejamento:
- Análise Externa do Ambiente (oportunidades e ameaças do mercado)
- Análise Interna do Ambiente (forças e fraquezas)
- Formulação das alternativas estratégicas e escolha da estratégia a ser utilizada para alcançar os objetivos organizacionais
- Desenvolvimento de planos táticos e operacionais
Planejamento tático – refere-se aos planos estratégicos visando a eficiência, melhor utilização dos recursos e foco nos resultados, no médio prazo.
Planejamento operacional – planejamento focado no curto prazo e na rotina, buscando garantir a eficácia nas operações.
Voltando agora para a área de Recursos Humanos, atribui-se a ela algumas denominações, com as mesmas terminologias:
Recursos Humanos Estratégico – Conhece o negócio e o mercado, pensa na projeção do seu futuro e tem lugar no comitê de articuladores, coordenado pela alta direção. Este RH é visto como moderno e precisa ter habilitação em algumas competências para atuar neste “cenário”: foco em resultado, visão sistêmica, domínio de métricas da área, habilidade política para transitar nos diversos níveis.
Recursos Humanos Operacional – mais conhecido como Departamento Pessoal, com foco nos processos burocráticos e administrativos da área.
Recursos Humanos Tático – envolve a articulação de um conjunto de áreas com maior integração na busca de qualidade, melhor performance, com controle de indicadores e orientação da liderança.
Agora faço algumas perguntas :
- Ao fazer o planejamento, uma organização escolhe apenas um dos tipos: Planejamento Estratégico, Tático ou Operacional? - Um é mais ou menos importante do que o outro, ou estão interligados e se complementam? Ou são excludentes?
Afinal então por que o RH deve escolher um “papel”, um “estilo”? Será mesmo que é uma questão de escolha e de “estilo”?
É fato que a área de Recursos Humanos vem, ao longo dos anos, ganhando destaque dentro das organizações, uma vez que hoje há o reconhecimento do capital humano como sendo o principal responsável pelo diferencial competitivo das empresas e não mais a tecnologia. Nesse processo de evidência, a área busca, com certeza, rever seu papel e sua posição dentro da organização e o que se espera dela é que tenha uma participação ativa e efetiva também no planejamento estratégico institucional, inovando em suas ações e sendo uma eficiente articuladora na promoção de mudanças.